terça-feira, abril 25, 2006

John Taylor sobre a pré-existência

Origem e destino da mulher


John Taylor*

Os santos dos últimos dias têm sido ridicularizados muitas vezes por sua crença na pré-existência dos espíritos e por casar para o tempo e toda eternidade, sendo ambas doutrinas bíblicas. Somos freqüentemente requisitados a dar nossa visão em relação a estes princípios, mas considerando que as coisas do Reino pertencem aos filhos do Reino, não são, portanto, para dá-las àqueles que não o têm. Mas tendo sido gentilmente requisitado por uma senhora (membro da Igreja), há alguns dias, para responder as seguintes questões, não poderíamos realmente recusar, quais sejam: “De onde vim? O que faço aqui? Aonde vou? E qual meu destino depois de obedecer a verdade e perseverar até o fim?”.


Para seu benefício e de todos os interessados, vamos tentar responder brevemente as perguntas como as entendemos. A razão será evidente para nossa crença na pré-existência dos espíritos e no casamento para o tempo e toda eternidade.


Senhora, de onde vieste? Qual tua origem? O que fazes aqui? Aonde vais e qual teu destino? Diga se tens entendimento. Não sabes que és uma centelha da Deidade, saída de Seu eterno braseiro e trazida em meio do eterno fulgor?


Não sabes que nas eternidades passadas, teu espírito, puro e santo, habitava no seio do teu Pai Celestial, e em sua presença, e com tua Mãe, uma das rainhas do céu, cercada por teus espíritos irmãos e irmãs, no mundo espiritual entre os Deuses? Que à medida que teu espírito contemplava as cenas que lá transpiravam e tu crescias em inteligência, viste mundos após mundos serem organizados e povoados com teus espíritos semelhantes que tomaram sobre si tabernáculos, morreram, foram ressucitados e receberam sua exaltação nos mundos redimidos sobre os quais haviam habitado. Estando disposta e ansiosa para imitá-los, esperando e desejando obter um corpo, uma ressurreição e também uma exaltação, e tendo obtido permissão, tu fizeste um convênio com um dos teus espíritos semelhantes para ser teu anjo da guarda enquanto na mortalidade, também com outros dois espíritos, homem e mulher, de que virias e tomaria um tabernáculo pela sua linhagem e tornar-se-ia sua descendência. Também escolhestes um espírito semelhante a quem amaste no mundo espiritual (e que também teve permissão para vir a este planeta e tomar um tabernáculo) para ser teu cabeça, apoio, marido e protetor na terra e exaltar-te nos mundos eternos. Tudo isso foi arranjado, assim como os espíritos que nasceriam por meio da tua linhagem. Almejaste, vislumbraste e oraste ao teu Pai no céu para chegar o tempo em que poderias vir a esta terra, que havia saído e caído de onde fora primeiramente organizada, próxima ao planeta Colobe. Com o tempo, chegou o momento e ouviste a voz de teu Pai dizendo: “vai, filha, habitar o mundo abaixo e tomar sobre ti um tabernáculo e operar teu estado probatório com temor e tremor e te levantar para a exaltação. Mas lembra, filha, que tu vais na condição de esquecer tudo o que já viste ou soubeste acontecer no mundo espiritual: não saberá ou lembrarás de nada concernente ao que viste ocorrer aqui; mas deves ir e tornar-se um dos seres mais indefesos que criei enquanto em tua infância, sujeita à doença, à dor, às lágrimas, ao luto, ao pesar e à morte. Mas quando a verdade tocar as cordas do teu coração, elas vibrarão; então, a inteligência iluminará tua mente e derramará seu esplendor em tua alma e começarás a compreender as coisas que antes sabias mas que se haviam ido; começarás, então, a entender e conhecer o objetivo da tua criação. Filha, vai e seja fiel como tens sido em teu primeiro estado”.


Teu espírito, repleto de alegria e gratidão, regozijou-se em teu Pai e rendeu louvor a seu santo nome, e o mundo espiritual ressoou em hinos de louvor ao Pai dos espíritos. Tu te despediste de teu Pai e tua Mãe e de todos e, junto com teu anjo da guarda, vieste a este globo perigoso. Tendo os espíritos que havias escolhido para tomar um tabernáculo pela sua linhagem e teu cabeça deixado o mundo espiritual alguns anos antes, vieste um espírito puro e santo. Tens obedecido a verdade e teu anjo da guarda ministra a ti e te guarda. Escolheste aquele que amavas no mundo espiritual para ser teu companheiro.


Agora, coroas, tronos, exaltações e domínios estão em reserva para ti nos mundos eternos e o caminho está aberto para retornares à presença do Pai Celestial, se apenas obedeceres e caminhares na lei celestial, cumprires os desígnios do teu criador e resistires até o fim, quando a mortalidade é posta na tumba, poderás descer à tua sepultura em paz, surgir em glória e receber tua recompensa eterna na ressurreição dos justos, junto com teu cabeça e marido. Será-te permitido passar pelos Deuses e anjos que guardam os portões, e adiante, e acima, para tua exaltação em um mundo celestial entre os Deuses. Para ser uma sacerdotisa e rainha no trono do teu Pai Celestial e uma glória para o teu marido e a tua descendência, para conceber as almas dos homens, povoar outros mundos (como concebeste seus tabernáculos na mortalidade), enquanto eternidades vêm e vão; e, se aceitares, senhora, isto é vida eterna. E aqui é cumprido o dito do Apóstolo Paulo de que “o homem não é sem a mulher, nem é a mulher sem o homem no Senhor”. “Que o homem é o cabeça da mulher e a glória do homem é a mulher.” Portanto, tua origem, o objetivo do teu destino supremo. Se fores fiel, senhora, a taça está ao teu alcance; bebe, então, do elixir celestial e vive.

* Origin and destiny of woman, publicado originalmente no periódico The Mormon, em 29 de agosto de 1857, Nova York. Tradução de Antônio Trevisan Teixeira.